Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

  1. mi ausencias sao suas
    sao suas aulas
    seu incomodo
    minhas brigas,
    meu ciume
    minha uniao e minha separacao
    a esquina que nao te enconto
    seu intelecto
    suas curvas
    minha remota pena
    varios anos ou uma caneta grossa
    sou eu no mac
    é voce no mar
    é meu fim
    é meu infinito
    minhas datas, minhas mentiras
    deixar os poemas
    deixar seus olhos atempoarais
    suas amarguras e seus arrependimentos
    o nao entender, o nao sexo, o nao corpo
    o nao desejo latente
    apenas isso,
    apenas a nossa escultura
    nossas asas em voos inocentes
    a solidao de estarmos longe
    nosso afastamento.

    ResponderExcluir